Solidariedade

Precisamos de aprender a viver em função deste entendimento para integrarmos “da pele para dentro” que tudo o que acontece com o outro também nos diz respeito e, ao mesmo tempo, influencia o desenvolvimento da consciência coletiva, a partir da qual, todos nós nos alimentamos nos níveis mais profundos do nosso Ser.

Ainda somos muito pouco conscientes das reais motivações que nos fazem abraçar certos projetos, tomar determinadas decisões e até mesmo escolher e determinar o que tantas vezes chamamos de Missão de Vida.

A questão de fundo prende-se com as reais motivações que sentimos quando decidimos querer ser Solidários e oferecer o nosso tempo e energia a alguém, ou mesmo a uma causa ou projeto de Solidariedade Social?

Temos vários níveis de lealdades que nos movem até sermos capazes de discernir o que na nossa pureza e essência se expressa através de nós.

Até conseguirmos ser lúcidos e conscientes de todas estas influências sistémicas, somos movidos e motivados a atuar através de vários níveis de lealdades, independentemente de algumas partes de nós poderem estar ao serviço do algo maior a partir do qual a vibração da nossa Alma se expressa. Na realidade somos movidos por vários níveis de consciência e cada um desses níveis está ao serviço da completude, da inclusão e da necessidade de equilíbrio que em algum momento do tempo foi perdida.

Podemos sentir-nos chamados a viver a nossa vida através de projetos de solidariedade, mas é importante observar que existem vários níveis de motivação que nos podem convocar a viver dessa forma:

A nossa Alma ter o chamamento natural inato para movimentos de solidariedade porque nascemos com um determinado propósito e sentimo-nos movidos, empurrados para que a vida se expresse através da forma como nos doamos, e então, permitimos que o que se expressa através de nós reverbere para fora de forma natural;

Sentirmo-nos motivados a envolvermo-nos nesses projetos como uma forma de compensação para com alguém, ou para com uma memória familiar de injustiça, humilhação, pobreza, vazio, destinos difíceis ou algum evento marcante da nossa família de origem, que de alguma forma, espiamos através da maneira como nos doamos. Neste caso procuramos compensar através dos outros essas memórias próprias do clã.

Derivado de alguns traumas acumulados da nossa infância e por sentimentos de carência, precisamos de dar aos outros o que na verdade não tomamos para nós ou de nós próprios.

Nos últimos dois casos, a necessidade de reconhecimento e de compensação serve de motor para que a pessoa se dedique de corpo e Alma a uma causa que na verdade mais não é do que a necessidade de devolver ao clã a sua dignidade ou o sentimento de inclusão de forma a ser vista por si mesma.

É possível que em cada um de nós more um pouco de cada uma destas versões e motivações mais inconscientes que a dança da Vida nos mostra através dos véus de ilusões que criamos e que vamos derretendo à medida que evoluímos e lidamos com a princípio da realidade. É sempre mais fácil projetarmo-nos fora de nós e vermos nos outros as suas dores e vazios, do que mergulhar na verdadeira solidariedade para connosco próprios e assumirmos que essas dores também são nossas.

A vibração do coração precisa de ter o seu espaço interior para reverberar para o exterior. Seremos todos capazes de ser solidários no dia em que aprendermos a viver pacificados em nós, mas nessa altura não será precisa solidariedade porque todo o Ser Humano estará a ocupar o seu lugar e não haverá desigualdades sociais.

Até lá só posso expressar a minha profunda gratidão por todos nos sentirmos empurrados a compensar dores e lealdades inconscientes desta forma “solidária” porque apesar da projeção muita coisa é feita e muitas Vidas encontram um porto seguro!!!

Bem-haja à Vida!

www.conscienciasistemica.pt

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Pode ler o artigo em:

REVISTA PROGREDIR | FEVEREIRO 2021

 

 

 

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