Viajar com os relacionamentos
Sempre que nos sentimos agredidos por alguém exterior a nos próprios, na verdade essa pessoa está a dar-nos a possibilidade de recordar, ativar, e lembrar algo que já vivemos internamente.
Toda a nossa experiência de vida acontece a partir de dentro. No entanto, na cultura em que vivemos, somos educados, treinamos e moldados a precisar de recorrer e viver através do que está fora de nós. Essa dissociação leva-nos ao sofrimento e à quebra do fluxo da vida tal qual ela é. Passamos a identificarmo-nos com o que está fora, a precisar do que está fora e do que as pessoas nos proporcionam para nos sentirmos completos e saciados. O sofrimento cresce de forma exponencial.
Esta forma de sobreviver leva-nos a uma grande identificação com o exterior e a um esvaziamento do nosso mundo interno. Começamos a precisar de ser aceites pelos outros porque deixamos de ouvir a nossa voz interior. Começamos a precisar de nos alimentar através dos outros porque não nos sentimos alimentados pelo nosso Sol interior. A Vida deixa de ser um milagre de abundância e passa a ser uma fonte de sofrimento constante porque o exterior nunca dá o que realmente precisamos.
Quanto maior é a identificação com o que está fora, maior é a nossa necessidade de nos sentirmos amados, de sermos aceites e compreendidos, de evitar o conflito criando um vazio de amor que nos afasta da nossa voz interior e da lealdade a nos próprios.
Não é possível vivermos sem sermos afetados pelos outros mas a partir do momento em que vivemos a nossa própria verdade e ousamos expressa-la, que vivemos com lealdade a nós próprios e deixamos que o Amor nos molde a partir de dentro, conseguimos finalmente sermos autênticos.
Aprender a sermos autênticos e leais a nós próprios implica necessariamente uma grande viagem ao nosso mundo interior.
O Amor é a força que move toda a vida e que faz bater o nosso coração. Cada pensamento, cada palavra, cada ação são movidos de dentro para fora de nós assim como uma semente que brota de dentro da terra e irrompe para se cumprir denunciando a sua beleza, também nós quando movidos a partir de dentro e da nossa verdade interna, somos inspirados pelo Amor e nos tornamos Amor.
No livro “seeds of Awakening aparece um texto de Molly Vass-Lehman que nos diz: “Colocando duas células do coração vivas, de pessoas diferentes, numa placa de Petri, passado algum tempo veremos que elas encontram e mantêm um batimento comum”
Esta força agregadora essencial que existe para lá das formas está presente em toda a natureza. Este é o milagre do Amor.
Assim tornando-nos quem somos, torna-se possível viver a vida com toda a sua vitalidade ajudando os outros, com o nosso exemplo, a serem quem são e a viver de forma verdadeira.
Viver sendo leais a nós próprios e permitindo sentir Amor por nós é a melhor forma de fazer transbordar o nosso copo e sentirmos um Amor profundo por tudo o que está à nossa volta.
Viver o Amor é cumprir com o nosso propósito de realização.
Bem haja e grata à Vida!
Maria Gorjão Henriques